Em busca do conhecimento
Conforme Rubem Alves,
Todo
conhecimento começa com o sonho. O conhecimento nada mais é que a aventura pelo
mar desconhecido, em busca da terra sonhada. Mas sonhar é coisa que não se
ensina. Brota das profundezas do corpo, como a água brota das profundezas da
terra. Como Mestre só posso então lhe dizer uma coisa: “Conte-me os seus
sonhos, para que sonhemos juntos!” (1994, p. 75-76)
Para quem trabalha na periferia,
muitas vezes o maior obstáculo é a falta de perspectivas que os alunos possuem.
Vislumbrar fagulhas de esperança e sonhos nos estudantes dessa turma, é algo
que não tem nome, mas que move peças importantes no que me constitui como
educadora. De alguma forma, os sonhos deles têm feito renascer alguns sonhos em
mim.
A
experiência, a possibilidade de que algo nos aconteça ou nos toque, requer um
gesto de interrupção, um gesto que é quase impossível nos tempos que correm:
requer parar para pensar, parar para olhar, parar para escutar, pensar mais
devagar, olhar mais devagar, e escutar mais devagar; parar para sentir, sentir
mais devagar, demorar-se nos detalhes, suspender a opinião, suspender o juízo,
suspender a vontade, suspender o automatismo da ação, cultivar a atenção e a
delicadeza, abrir os olhos e os ouvidos, falar sobre o que nos acontece,
aprender a lentidão, escutar aos outros, cultivar a arte do encontro, calar
muito, ter paciência e dar-se tempo e espaço. (BONDÍA,2002, p. 24)
Assim, como descreve Bondía,
todos viveram um momento em que o tempo pôde passar mais devagar para que tudo
fosse vivido e sentido. Com certeza, todos saíram um pouco diferente da forma
como entraram. Como professora estagiária, saí esperançosa na existência de
momentos transformadores como esse, capazes de criar novas expectativas para os
alunos e renovar a fé na própria educação enquanto transformadora de vidas.
De acordo com Vargas (2000), ler é intertextualizar
o mundo do leitor com o conhecimento que a leitura realizada
oferece, transformando, assim, sua própria percepção de mundo:
Ler, portanto, significa colher
conhecimentos e o conhecimento
é sempre um ato criador, pois me obriga a redimensionar o que já está estabelecido, introduzindo meu
mundo em novas séries de
relações e em um novo modo de perceber o que me cerca. (p. 6)
O conhecimento é constituído através de sonhos, experiências, possibilidades , percepção de mundo que proporcionam novas séries de significados,interrupções, paciência, perseverança e tempo.
REFERÊNCIA
ALVES, Rubem. A Alegria de Ensinar. São Paulo: ARS Poética Editora
Ltda, 1994.
BONDIA, Jorge Larrosa. Notas sobre a experiência e o saber de
experiência. Rev. Bras. Educ. [online]. 2002, n.19, pp.20-28.
VARGAS, Suzana. Leitura: uma aprendizagem de prazer. 4 ed. Rio de Janeiro: José Olímpio, 2000.
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